segunda-feira, março 05, 2007

Parte 01 - Capítulo 05 - A Voz Que Surge

Celina conhecia a Quinta Sinfonia de Beethoven do começo ao fim, e, de acordo com o que ouvia, a Sinfonia parecia estar chegando ao fim. Estava realmente terminando e simultaneamente, uma luz começava a crescer em um ponto daquela imensa escuridão.
-- Uma luz? -- questionou-se Celina.
A luz ficava cada vez maior e ia crescendo cada vez mais rápido. A luz vinha na direção dela numa velocidade imensa. Celina ficou apenas observando com a mão esquerda sobre os olhos para protegê-los daquela luz intensa. "Meu Deus! Onde Estou? O que está acontecendo?", pensava ela, quase se desesperando. Neste exato momento, porém, uma voz transcendental e ecoante começou a vir de todas as direçoes, dizendo palavras que Celina pôde, de fato, entender claramente.
-- Minha cara Celina... -- disse a voz -- eu disse para não se distrair com nada, mas vejo que você falhou. Eu já te disse onde estamos. Lembra-se?
Celina tentou remontar os acontecimentos. Estava no parque com Henry conversando sobre qualquer coisa, quando, repentinamente, viram o homem de cabelos ruivos flutuar logo adiante deles. Depois houve um súbito clarão e depois disso, provavelmente teria perdido a consciência de imediato. Não se recordava de ter ouvido nada que não fosse a Quinta Sinfonia há alguns momentos atrás.
-- Desculpe, mas não me lembro.
-- Não se lembra pois se distraiu. Sua distração fostes o ingrediente do esquecimento das minhas palavras. Quero que isso não se repita mais, caso contrário poderão haver problemas daqui para frente.
Celina não entendia que tipo de distração seria essa. Ela estava certa de que não havia se distraído, a não ser que...
-- Você se refere ao fato... de eu me preocupar com o porquê de vir parar aqui e deixar de lado a importância de estar aqui?! Pode soar confuso, mas acho que você entendeu.
-- Exatamente, Celina. Você compreendeu mais rápido do que imaginei. Estou muito satisfeito com isso.
-- Obrigado -- respondeu Celina -- porém, não consigo deixar de ficar inquieta para saber as respostas de como vim parar aqui, do porquê de estar aqui, e, também, quem é você. Não existe um meio de você me responder mesmo que seja "contra as regras"?
O dono da voz ecoante ficou pasmo com a firmeza das palavras de Celina. "Os seres humanos... não é bom subestimá-los...", pensou ele.
-- Sinto que você merece uma atenção especial, Celina. Provavelmente fiz a coisa certa ao te escolher. Devido a isso, farei o favor de te contar tudo que estiver ao meu alcance.
Celina sentiu-se entranha. Aquela situação totalmente surreal estava começando a amedrontá-la, mas ela fez o possível para se conter. Seu ponto de vista mais versátil era o de que deve-se controlar o medo até o momento em que ele não poderia mais ser controlado. Tudo dependia da capacidade da pessoa com relãção à isto. Porém, mesmo sendo perita nisso, Celina percebera que aquela situação irreal e ao mesmo tempo real estava fazendo-a chegar ao limite. Decidiu, primeiramente, procurar, contudo, saber tudo sobre o lugar em que estava para depois entender se o medo era necessário.
De súbito, aquela luz que surgira há minutos atrás revelou-se imensa e Celina viu por completo o local onde estava. Nada irreal, de fato.